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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 444-2

444-2

PATOGENICIDADE DE ISOLADOS BRASILEIROS DA VARIANTE GI-23 DO VÍRUS DA BRONQUITE INFECCIOSA DAS GALINHAS

Autores:
Iara Maria Trevisol (EMBRAPA CNPSA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) ; Marcos A. Z. Mores (EMBRAPA CNPSA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) ; Daiane Voss-rech (EMBRAPA CNPSA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) ; Luizinho Caron (EMBRAPA CNPSA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) ; Paulo Augusto Esteves (EMBRAPA CNPSA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)

Resumo:
O Vírus da Bronquite Infecciosa (VBI), causa doença respiratória aguda e pode afetar o sistema gênito-urinário das aves. O VBI é reconhecido por sofrer recombinações e mutações genéticas, originando cepas variantes. No Brasil, até recentemente, apenas duas linhagens de VBI haviam sido consistentemente relatadas, as linhagens 1 e 11 do genótipo I (GI-1 e GI-11). Em 2021 relatos de casos clínicos respiratórios com elevada condenação ao abate, passaram a ser descritos na região Sul do país. A partir de então testes moleculares revelaram a primeira ocorrência de uma variante estrangeira de VBI no Brasil, a linhagem GI-23. O objetivo deste trabalho foi realizar o isolamento viral e a caracterização da patogenicidade de cepas desta variante. Amostras biológicas colhidas de aves doentes foram maceradas, diluídas, centrifugadas e o sobrenadante tratado com antimicrobianos. O isolamento viral foi conduzido em ovos férteis de aves specific pathogen free (SPF). Nove amostras foram consideradas positivas para o vírus devido às alterações visualizadas no substrato e confirmadas por PCR em tempo real. O sequenciamento da proteína S1 de todos os isolados, foi compatível com a linhagem GI-23. A definição de patotipos in vivo foi conduzida com as nove cepas, seguindo critérios de organizações de referência (OIE e MAPA). Ciliostase e lesões microscópicas de graus moderados a severos e recuperação viral de um ou mais órgãos, foram os critérios para definir a patogenia dos isolados. Foram realizados três experimentos, cada um com 4 grupos (3 cepas diferentes e um controle negativo) totalizando 120 aves SPF. Cada grupo foi alojado em uma cabine isoladora com filtro HEPA e pressão negativa. As aves foram infectadas com 103,3 DIE50% da cepa correspondente via nasal e ocular. No 5º dia pós-inoculação (dpi), as aves foram necropsiadas para análise macroscópica, e coleta de amostras para atividade ciliar das traqueias e histopatologia. Na necropsia, as principais observações foram a presença de muco e congestão na mucosa da traqueia. Espessamento dos sacos aéreos abdominais, em graus leves a moderados foram observados em poucas aves, de todas as cepas. Ciliostase com grau máximo (3) foi identificada nas traqueias de todas as aves das 9 cepas. Na histopatologia, todas as cepas induziram importantes lesões nas traqueias, caracterizadas por inflamação linfoplasmocitária com perda ciliar nas células epiteliais da mucosa e hiperplasia epitelial. Lesões nos pulmões e sacos aéreos não foram significativas. Uma das cepas induziu lesões inflamatórias importantes nos rins. Nossos resultados confirmam a circulação da variante GI-23 do VBI no Brasil. Foi possível realizar o isolamento viral em ovo embrionado de nove cepas para os estudos in vivo. As nove cepas foram classificadas como altamente patogênicas para o trato respiratório superior e uma delas foi considerada nefropatogênica. A linhagem variante GI-23 é a primeira cepa “estrangeira” de VBI notificada no país com estudos consistentes de isolamento e determinação da patogenicidade in vivo.

Palavras-chave:
 frangos, GI-23, patogenia, variante, Vírus da bronquite infecciosa


Agência de fomento:
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)